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Divinas divas: visíveis e invisíveis - Etelma T. de Souza


Estou com vontade de trabalhar com a população T - travestis, transgêneros e transexuais.
De onde vem essa vontade e interesse?
Há alguns meses, assisti a pré-estreia de Divinas Divas, que foi seguido por bate papo com elas.
O filme é ótimo!
Traz elementos que ignoramos sobre a trajetória delas, os sofrimentos por que passam, as dificuldades na sociedade e com a família...
As Divinas Divas conseguiram se estabelecer, se impor, mas, também tiveram que enfrentar preconceitos, violências diversas.
Sobressaíram-se, tornaram-se artistas e isso foi um dos motivos que colaboraram para a sobrevivência delas.
Hoje, ainda temos muito preconceito e violência contra essa população, mas, imaginem na época dessas pioneiras!...
Elas são a primeira geração de travestis brasileiras, estão com idade por volta dos 70 anos e mais.
Imaginem o que não passaram há cerca de 50 anos!?...
São pioneiras em muitas coisas.
São bravas guerreiras!
Mas, sobretudo, sobreviventes!
Foram submetidas a diversos procedimentos experimentais para mudanças no corpo. Muitas morreram...
Em decorrência disso e das violências de que eram e ainda são vítimas!
Foram internadas em hospitais psiquiátricos por suas famílias, simplesmente porque não aceitavam terem filhas travestis!
Outro fato a ser destacado, é que muitas acabam na prostituição por falta de alternativas. Não conseguem trabalho devido ao preconceito.
Foi ali que soube que a expectativa de vida da população T é, em média, 35 anos!!!
Apenas 35 anos!!! Índice muito menor do que os 5 países com menor expectativa de vida (Lesoto - 48,86 anos; República centro-africana - 51,04; Afeganistão - 52,72; Suazilândia - 53,88 e Somália 54,1) (disponível em: https://medium.com/…/4-dos-5-pa%C3%ADses-com-menor-expectat…).
Vítimas de violências diversas que começa com o preconceito, a não aceitação do diferente.
Então, além de poder curtir um belo filme e bate papo, ainda aprendi um pouco sobre essa população.
E daí veio o interesse. Comecei a pesquisar, ler, estudar... Quero entender mais e poder contribuir de alguma forma.
Nessas pesquisas, encontrei a página Travestis e Transexuais Brasileiras - muito interessante -
e aprendi mais um pouco (é dessa página a foto com as estatísticas).
Agora, devido à onda de censura, pude saber da peça, e vou assistir segunda-feira, O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu. E tenho certeza de que aprenderei um pouco mais.
Também cheguei à página da atriz, Renata Carvalho, que foi muito atenciosa e merece todo sucesso! Só o que está enfrentado para conseguir consolidar suas apresentações já é digno de admiração! Mais aprendizado...
E, por saber desse evento, também tomei conhecimento da Casa Florescer , que acolhe travestis e mulheres transexuais. Vou fazer minha doação na segunda e também quero conhecer pessoalmente a casa.
Enfim, vou continuar meus estudos e quero conhecer essa realidade de perto. Quero me aprofundar e poder fazer algum trabalho em prol delas.
Hoje, nas artes, temos nova geração de Divinas Divas (Liniker BarrosAs Bahias e a Cozinha MineiraRenata CarvalhoPabllo Vittar e outras...
Estão se consolidando, conquistando seus espaços. Também são bravas guerreiras! Enfrentaram, e acredito que ainda enfrentam, diversos obstáculos para conseguirem se impor! Porém, estão aí, se consolidando.
Mas, e as Divinas Divas invisíveis?...
Para finalizar, indico a todos, mas, principalmente aos PRECONCEITUOSOS, que assistam Divinas Divas (Netnow) e Dores de Amor (na web: https://www.youtube.com/watch?v=noAtrDYj8vM).
Sugiro também procurar saber um pouco mais da realidade e das violências que vitimam a população T.
E, se mesmo assim, não conseguirem vencer o preconceito e continuarem disseminando besteiras na internet, então só posso deduzir que têm uma pedra no lugar do coração!...

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